Implante coclear

O que é

O implante coclear — o popular ouvido biônico — é um aparelho eletrônico digital de alta complexidade tecnológica, que propicia audição para quem nunca ouviu ou, por algum motivo, perdeu a audição no decorrer da vida. Ele tem sido utilizado em pacientes que portadores de surdez severa à profunda que não se beneficiam com o uso de próteses auditivas convencionais.

 

É colocado como?

Durante uma cirurgia de, aproximadamente, três horas. O implante é composto de duas partes – a interna e a externa.

A parte interna é colocada cirurgicamente no osso mastóide com dois fios ligados a ele — um com pequenos eletrodos que ficam na cóclea e o outro no nervo auditivo.

Quando ativado o aparelho, a parte externa do aparelho que é uma antena redonda do mesmo formato que foi colocada na parte interna da cirurgia, é grudada na cabeça através de imã e passa a estimular diretamente o nervo auditivo através dos eletrodos. Eles levam os sinais sonoros captados pela antena externa até o cérebro que os entende como sons.

A parte externa é constituída pelo processador de fala, uma antena transmissora e um microfone. Ela pode ser de dois tipos –

a-Retroauricular (acoplado atrás da orelha)

b-Tipo caixa (existem mas não são mais utilizadas)

 

Como funciona?

O implante coclear funciona através de baterias que devem ser sempre trocadas porque ouvir faz com que descarreguem em até 24 horas. Há implantes com baterias recarregáveis e os aparelhos mais novos conseguem ter duração de até 36 horas consecutivas de uso.

O microfone capta os sons do meio ambiente e o transmite ao processador de fala, que os seleciona e analisa tudo o que é sonoro, principalmente os elementos de fala e os codifica como impulsos elétricos que serão transmitidos através de um cabo até a antena transmissora. A partir daí, o sinal é transmitido em rádio frequência e chega à unidade interna, que leva os sons até o cérebro. Ele interpreta como sons e decifra o que está sendo ouvido pelo usuário.

 

Para qual tipo de surdez o implante coclear é indicado?

Há vários tipos de perda auditiva. A avaliação é feita juntamente com uma fonoaudióloga através de exames específicos – audiometria e Bera. O implante coclear, especialmente, é indicado para surdez severa e/ou profunda.

 

     Em qual idade deve ser feita a cirurgia?

               O implante coclear dá bons resultados em crianças com a participação – e ajuda – da família. Hoje, por causa do Teste da Orelhinha, em cada mil nascimentos, três bebês nascem com perda auditiva e um deles, com surdez profunda. Se os pais estiverem atentos já no momento do nascimento, o bebê deve ser avaliado o mais rapidamente possível por uma equipe formada por otorrinolaringologista, fonoaudiólogo e psicólogo.

      Os exames que os bebês se submeterão são a repetição da Triagem Neonatal Auditiva (muitas vezes não há resposta dos bebês porque ainda existe líquido aminiótico nos seus ouvidos) e o Bera, ou em português, Potencial Evocado de Tronco Encefálico, Audiometria completa, Audiometria com uso de aparelho de amplificação sonora individual), Emissões Otoacústicas, Ressonância Magnética de Ossos Temporais.

      A surdez profunda em bebês, geralmente, é detectada pelos avós – quando da não realização do Teste da Orelhinha, mais experientes em criar filhos. Observam a reação da criança. Ela não se assusta ao ouvir rojões, portas batendo, sirenes que passam perto de casa. E avisam a filha (ou nora).

Quanto mais cedo for feita a cirurgia – por volta dos 11 meses de idade – melhores serão os resultados.

E em jovens e idosos? A cirurgia de implante coclear é indicada?

Sim. Tudo vai depender da avaliação da equipe médica responsável. Jovens que têm memória auditiva ou idosos  que perderam a audição, a cirurgia de implante coclear pode ser feita.

Entre os casos de surdez, há os pré-linguais e pós-linguais. Pré-linguais são aqueles que nasceram surdos e aprenderam a se comunicar de duas maneiras — ou através de LIBRAS, a Língua Brasileira de SInais, ou ainda, leitura labial. Os primeiros, são os surdos sinalizados e os segundos, os oralizados. Para quem tem ótima oralização, o implante coclear é indicado. Para quem já se comunica em LIBRAS, o implante pode ser — ou não — indicado. Tudo depende da necessidade do paciente. Eles, geralmente, não possuem memória auditiva.

Já os surdos pós-linguais, que perderam a audição por algum motivo no decorrer da vida, a cirurgia é indicada. Quando a cirurgia for feita próxima da perda auditiva por alguma doença, o ideal é ser feita rapidamente.

 

Há algum cuidado em relação à cirurgia?

Não pode lavar os cabelos durante três dias. E retirar os pontos com o cirurgião conforme as recomendações recebidas no momento da alta da cirurgia.

 

Entre a cirurgia e a internação, quanto tempo leva?

Geralmente, o paciente é internado em um dia, faz a cirurgia e recebe alta no dia seguinte.

          Há riscos na cirurgia?

Não são frequentes, mas podem ocorrer. São eles: insucesso na colocação do implante coclear por alteração anatômica no ouvido do paciente; tontura – o ouvido é responsável tanto pela audição quanto pelo equilíbrio e some em semanas; e, por último, paralisia facial – o nervo facial passa muito próximo ao local da cirurgia. Atualmente, esse risco diminuiu muito porque existe um monitoramento de nervo facial no intraoperatório.

O paciente pode viajar em seguida?

Sim. A otorrinolaringologista avalia e libera para viagem. O paciente deve voltar para a ativação do implante coclear, conforme agendado com a equipe.

 

Quanto tempo leva para ativar o implante coclear?

Entre a cirurgia de implante coclear e a ativação do implante há um período de cerca de 30 dias. No momento da ativação, o fonoaudiólogo vai testar sons agudos e graves e verificar a tolerância do paciente.

 

Como dá para descobrir que um bebê está ouvindo no momento da ativação?

O bebê dá várias pistas no momento da ativação. Ele estava até então em um mundo sem nenhum barulho e quando um sinal sonoro chega até ele, ele pode chorar, procurar o colo da mãe (o seu portinho seguro) ou sorrir e olhar para o lugar de onde ele percebe que vem o som.

 

Pacientes pós-linguais passam a ouvir tudo no momento da ativação?

Sim, ouvem tudo, mas não entendem quase nada. As vozes, no início, são robóticas — com o tempo, o cérebro reconhece como sons e as vozes tornam-se naturais. E o paciente ouve todos os sons de uma vez só sem discriminá-los. A terapia fonoaudiológica que se inicia depois vai ensinar cada som para o paciente. Se for um bebê pré-lingual, a memória auditiva dele se iniciará no momento da ativação do implante coclear. Se for uma criança ou adulto pós-lingual, a memória auditiva será trabalhada para que os sons que o implantado passe a ouvir sejam discriminados e ele tenha reconhecimento de fala. Esse processo não é rápido.

 

Quais os benefícios de um implante coclear?

Os níveis de audição ficam próximos aos de um ouvinte normal. Para as crianças implantadas, o desenvolvimento de fala e linguagem deverá ser similar a de uma criança ouvinte. O implante coclear provocará um aumento da confiança do implantado em reuniões, festas e na rotina diária, além de melhorar a comunicação com a família, amigos, professores e no trabalho.

-Melhora dos níveis de audição para valores próximos aos de um ouvinte normal.

-Desenvolvimento de fala e linguagem compatíveis com a idade em crianças que nasceram ou ficaram surdas antes de desenvolver a fala e foram implantadas precocemente.

-Restabelecimento da audição nas crianças ou adultos que perderam a audição durante a vida.

-Aumento da confiança em situações sociais.

-Melhoria da comunicação com a família, amigos, professores e no trabalho.

QUEM PODE TER BENEFÍCIO COM O IMPLANTE COCLEAR?

O paciente candidato ao implante coclear é aquele que possui perda auditiva bilateral de severa a profunda e que fez uso de próteses auditivas, mas não se beneficiou do seu uso.

Nós dividimos os pacientes em dois grupos que apresentam indicações e resultados bastante distintos.

No primeiro grupo, estão os pacientes pós-linguais, ou seja, pessoas que escutavam e que perderam a audição após desenvolvimento da fala.

No segundo grupo, estão os pacientes pré-linguais, pessoas surdas desde o nascimento ou que perderam a audição antes do desenvolvimento da fala.

Em casos selecionados, pacientes com surdez unilateral.

O implante coclear vem ajudando muitas pessoas a descobrir um mundo mais divertido e cheio de sons. No entanto, por tratar-se de uma cirurgia, o imaginário popular cria uma série de mitos que são repetidos por aí e assustam pessoas com dificuldades auditivas.

Com isso, alguns pais não querem nem falar no assunto: acreditam que submeter um filho ao procedimento é sinônimo de colocar em risco a vida e a saúde do pequeno, quando na verdade o implante seria capaz de transformá-la para melhor.

Se você também se sente um pouco inseguro devido às afirmações que ouve por aí sobre o implante coclear, separamos abaixo uma listagem com os 5 principais mitos e a verdade sobre eles. Confira!

1. Centenas de pessoas morrem devido ao implante coclear

Você já ouviu dizer que o implante coclear é uma cirurgia feita no cérebro e por isso altamente perigosa?

O implante coclear na verdade é realizado na cóclea, e o aparelho é inserido dentro do ouvido do paciente. Ninguém vai “abrir a cabeça” do seu filho para inserir eletrodos dentro do cérebro.

Além disso, a equipe médica fará todas as avaliações necessárias e se cercará de cuidados para que o procedimento seja o mais seguro possível. Os riscos? Sim, eles existem. Assim como existem em qualquer intervenção médica — mas ainda são menores que os que você corre na rua, a caminho do hospital, por exemplo.

2. Quem tem implante coclear não pode ir à piscina

Há uma versão dessa afirmação que diz que o implantado não pode sequer lavar o cabelo. Aí está um dos maiores absurdos já ouvidos: tem cabimento alguém viver sem poder lavar a cabeça?

Quem tem o implante pode tomar banho normalmente, ir à praia, à piscina, tomar chuva e tudo o mais que envolve água. A única restrição é que, para isso, a pessoa precisa retirar a parte externa do implante, se o seu processador não for a prova d’água. Hoje em dia já existem processadores e acessórios que podem ser usados na água! Quanto a isso o ideal é entrar em contato com o fabricante do implante para tirar as dúvidas.

3. Implante coclear é coisa de rico

Há quem diga que as melhores tecnologias são caras demais, ficando restritas a um pequeno grupo de pessoas pertencentes às classes mais abastadas. Não é o caso do implante.

Ele é realizado pelo SUS e entra na cobertura dos planos de saúde. Na primeira opção o paciente faz o acompanhamento com a equipe do implante coclear gratuitamente. Já no segundo caso é necessário avaliar se o convênio cobre o tratamento, pois os resultados só aparecem se houver essa continuidade após a cirurgia.

4. Os médicos não respeitam as diferenças entre as pessoas

As pessoas fazem essa afirmação em sentido pejorativo, como se a surdez fosse uma característica que deve ser mantida. Sim, trata-se de uma característica, mas a oportunidade de ouvir através do implante torna a vida dessas pessoas mais feliz.

Por que não fazê-lo então? Por que perder a oportunidade de tornar melhor a vida de alguém?

5. O implante coclear atrai raios e choques

Marcapassos ou pernas mecânicas atraem raios? Pois é, os implantes cocleares também não! Trata-se de uma prótese de titânio ou cerâmica, que não atrai raios.

Os implantados também não morrem se levarem um choque. A não ser que seja muito forte (mas nesse caso qualquer pessoa morreria), o máximo que pode acontecer é desprogramar o aparelho.

Radiografia e tomografia podem ser realizadas normalmente. E ao andar de avião, a única recomendação é que o aparelho seja desligado durante a decolagem e aterrissagem. Fora isso, vida normal.

CRITÉRIOS DE INDICAÇÃO BÁSICOS DO IMPLANTE COCLEAR:

  • Pacientes pós-linguais (adquiriram a surdez depois de certa idade) com:

  • Perda auditiva neurossensorial bilateral de grau severo a profundo sem benefício com o uso do aparelho de amplificação sonora individual (AASI), ou seja, pacientes  que apresentam escores inferiores a 50% em testes de reconhecimento de sentenças com o uso da melhor protetização bilateral possível.

  • Não existe limite de tempo para a realização do implante coclear neste grupo, porém quanto maior o tempo de surdez, em geral, piores serão os resultados.

  • Pacientes pré-linguais (nasceram com surdez) com:

  • Perda auditiva neurossensorial bilateral de grau severo a profundo, com reabilitação fonoaudiológica efetiva há pelo menos 3 meses (crianças de 0 a 18 meses) ou desde a realização do diagnóstico (crianças maiores de 18 meses), e que não se beneficiam com o uso do aparelho de amplificação sonora individual (AASI).

  • Nas crianças, a faixa etária ideal é até 2 anos de idade, e quanto mais precoce for o implante, melhores serão os resultados.

  • Entre 2 e 5 anos, os resultados também podem ser bons, porém são inferiores aos pacientes implantados até os 2 anos.

  • A partir dos 5 anos, os pacientes também podem ser implantados, mas os resultados dependerão de outros fatores como o grau de desenvolvimento da linguagem já adquirida e do trabalho de estimulação auditiva prévia – uso de prótese auditiva, capacidade de realização de leitura orofacial e linguagem de sinais.

  • Em adolescentes e adultos com surdez congênita (de nascença), o implante terá algum benefício se o paciente for oralizado. Aqueles que se comunicam exclusivamente por LIBRAS têm pouco benefício e geralmente não se adaptam ao implante.

  • A descrição dos critérios com maiores detalhes pode ser conferida no seguinte endereço eletrônico:

  • http://www.aborlccf.org.br/imageBank/CRITERIOS-DE-INDICACAO-E-CONTRAINDICACAO-DO-IMPLANTE-COCLEAR-FINAL.PDF

Em casos selecionados, de acordo com avaliação da equipe médica e fonoaudiológica, outros pacientes poderão ter indicação fora desses critérios.

É fundamental que os pacientes e familiares tenham pleno conhecimento de como funciona o implante, das suas limitações, e que haja envolvimento e disponibilidade para cumprir todas as etapas do tratamento.

ETAPAS A SEREM SEGUIDAS ATÉ A REALIZAÇÃO DO IMPLANTE COCLEAR.

O implante coclear é um processo complexo que exige a atuação conjunta de uma equipe multidisciplinar (vários profissionais de especialidades diferentes) para que se alcance o sucesso do tratamento.

A equipe é composta por um médico otorrinolaringologista, um fonoaudiólogo e um psicólogo (todos os membros da equipe têm que ter especialização em implante coclear).

A avaliação do paciente candidato ao implante coclear é um processo complexo e pode ser demorado, pois existem etapas que devem ser obrigatoriamente seguidas e cumpridas para que seja conseguido o melhor resultado possível em benefício do paciente.

É muito importante que a equipe escolhida pelo paciente tenha experiência e estabilidade, devendo ser formada por profissionais comprometidos com a Instituição que trabalham, uma vez que o paciente implantado terá que ter apoio dessa equipe por toda a vida.

Profissionais isolados que não tenham equipe consolidada ou que sejam apoiados por empresas produtoras ou distribuidoras de implantes não são recomendados.

A equipe deve ter experiência no tratamento dos diversos tipos de surdez, com outras soluções, além do implante coclear, como adaptação de aparelhos auditivos, tratamento de outras doenças que afetam a audição, e não ser somente “implantadores”.

Como trata-se de um equipamento médico de alto custo, os pacientes e suas famílias devem estar atentos com propagandas e abordagens realizadas diretamente pelas empresas, sob a forma de encontros ou mesmo nas redes sociais, utilizando “embaixadores” ou pacientes implantados que apregoam que tal marca é melhor que a outra.

Esta abordagem não é ética e pode induzir a uma escolha inadequada.

O ideal é que o paciente e sua família escutem a indicação da equipe que foi escolhida para fazer o implante, pois ela é a única que vai oferecer apoio durante toda a vida e responder pelos resultados do tratamento.

Avaliação médica

O paciente deve ser avaliado, inicialmente, pelo médico otorrinolaringologista para o diagnóstico da causa, do tipo e da gravidade da surdez.

O médico avalia se a causa que levou à surdez permite que seja realizado o implante coclear.

Também é importante que seja estudada a existência de outras doenças, pois o paciente deve ser avaliado como um todo e não apenas a audição.

Avaliação fonoaudiológica

A próxima etapa é a avaliação pela fonoaudióloga, que realizará testes auditivos, de linguagem e exercícios que prepararão o paciente para receber o implante coclear.

O tempo dessa avaliação é variável, pois depende da motivação do paciente. Ela é composta por:

Avaliação do grau de surdez: temos que ter certeza que a surdez é mesmo profunda.

Avaliação da adaptação do paciente com a prótese auditiva convencional: temos que ter certeza de que a prótese convencional já não é suficiente para atender às necessidades do paciente.

Avaliação de linguagem emissiva (fala, uso de linguagem escrita e por meio de sinais – em pacientes já alfabetizados) e receptiva (realização efetiva de leitura orofacial, uso de linguagem escrita e por meio de sinais).

Quando algum destes aspectos não é satisfatoriamente atendido, o paciente pode ser encaminhado, a princípio, para reabilitação fonoaudiológica, e posteriormente é reavaliado.

Neste período, poderão ser necessários:

Treinamento em leitura orofacial para crianças maiores e adultos : Este treinamento é essencial na fase pré-implante e muda significativamente o resultado final, quando bem realizado.

Treinamento auditivo : melhora, muitas vezes, o desempenho do paciente com a prótese convencional, ou o resultado final com o implante.

Terapia de estimulação de linguagem

Avaliação psicológica

É muito importante que sejam avaliados os aspectos psicológicos do paciente e das pessoas que convivem com ele no dia a dia.

É imprescindível que o psicólogo avalie se o paciente está preparado para a cirurgia, se aceita o convívio com uma prótese implantada dentro da cabeça e se os familiares estão motivados e apoiam esta decisão (nós consideramos o apoio e a participação da família fundamentais).

Devemos avaliar também o grau de expectativa do paciente e se ele tem consciência dos resultados que podem ser atingidos. O paciente deve estar ciente de tudo o que está acontecendo e a equipe deve expor tudo de uma forma clara e sincera, pois nós acreditamos que uma relação de confiança mútua entre o paciente e a equipe seja fundamental.

Por fim, o paciente é submetido a uma avaliação pré-operatória para que sejam avaliados todos os possíveis riscos cirúrgicos e para que a cirurgia seja realizada da forma mais segura possível.

EXAMES QUE GERALMENTE SÃO REALIZADOS

– Audiometria completa.

– Audiometria em campo com uso de AASI (aparelho de amplificação sonora individual)

– BERA (Potencial evocado de tronco cerebral)

– Emissões otoacústicas

– Tomografia computadorizada de ossos temporais

– Ressonância magnética de ossos temporais

VACINAÇÃO

Os pacientes usuários de implante coclear devem ser vacinados contra meningite, pois apresentam risco 30 vezes maior de contrair essa doença quando comparados com a população geral. O feixe de eletrodos do implante coclear funciona como uma via de propagação de infecções da orelha média para dentro da cóclea e, a partir daí, para as meninges, levando à meningite. O principal agente envolvido nos casos de meningite relacionada ao implante coclear é uma bactéria chamada Streptococus pneumoniae ou simplesmente pneumococo.

As principais vacinas a serem administradas, portanto, são as vacinas anti-pneumocócicas, comercialmente conhecidas como Prevenar® (a partir de  6 semanas) e Pneumo 23® (maiores de 2 anos). O objetivo é prevenir a ocorrência de otites que possam infectar o feixe de eletrodos do implante e, consequentemente, levar à meningite.

A vacina Pneumo 23 deve ser repetida uma vez após 5 anos.

Existe uma divergência entre a recomendação do CDC (Center of Disease Control) americano e do Ministério da Saúde brasileiro quanto a esta recomendação. A vacinação contra meningite tipo C e gripe não são preconizadas nos EUA, somente no Brasil.

A meningite tipo C não causa otite e, portanto, não teria relação com o implante coclear, mas a vacinação é obrigatória no Brasil.

Já a vacinação contra gripe visa prevenir a ocorrência de otite média, não pelo vírus da gripe, mas por uma infecção bacteriana secundária a um quadro gripal. Deve ser aplicada anualmente, no início do outono, pelo resto da vida.

Todas estas vacinas são administradas gratuitamente para todos os usuários de implante coclear, ou que estão prestes a realizar a cirurgia, sendo exigido apenas um receituário médico com a justificativa: “usuário de implante coclear”.

Recomendações do CDC americano:

– vacina contra pneumococo

– vacina contra hemófilos

Recomendações do Ministério da Saúde brasileiro:

-vacina contra pneumococo

-vacina contra hemófilos (menores de 19 anos não vacinados)

-vacina contra meningococo tipo C

-vacina contra gripe (influenza)

OBS: As vacinas administradas e o esquema vacinal variam de acordo com a idade do paciente.

Fonte: manual do centro de referência em imunobiológicos especiais – ministério da saúde: http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/-01VACINA/manual_crie_.pdf

PROCEDIMENTO CIRÚRGICO

A unidade interna do implante é colocada através de uma cirurgia que tem duração aproximada de 2 horas.

É realizada sob anestesia geral, ou seja, o paciente estará entubado e inconsciente, e não sentirá nada durante todo o procedimento.

1) O corte (incisão): É realizado na pele atrás da orelha com um tamanho de aproximadamente 4 cm.

2) Colocação dos eletrodos: É realizada uma abertura na cóclea (órgão da audição com formato de caracol) e os eletrodos são inseridos dentro da cóclea perfazendo uma volta completa em seu interior.

3) Fixação do processador interno: o processador interno é colocado embaixo do couro cabeludo, atrás da orelha (o paciente sentirá uma pequena elevação no local).

4) No final da cirurgia, fecha-se a pele com pontos, e um curativo compressivo é colocado no local.

Riscos da cirurgia

Os riscos inerentes à cirurgia de implante coclear são pouco frequentes, mas podem ocorrer.

Abaixo, listamos alguns desses riscos:

Insucesso na colocação do implante coclear: pode ocorrer se houver alteração anatômica no ouvido do paciente, seja por um defeito congênito (de nascença) ou por sequelas de infecção e/ou fraturas.

Infecção e necrose da pele: decorre do fato de se colocar uma prótese sob a pele. Pode ser tratada, quando diagnosticada precocemente.

Tontura: Pode ocorrer porque o ouvido é responsável tanto pela audição quanto pelo equilíbrio, mas é uma complicação transitória que melhora rapidamente em poucas semanas.

Paralisia facial: é a complicação mais temida. Pode ocorrer porque o nervo que faz a mímica da face passa muito próximo ao local da cirurgia. Para diminuir o risco desta complicação, é utilizado um aparelho chamado monitor de nervo facial no intraoperatório. Esta complicação, apesar de possível, é muito rara e geralmente melhora após algumas semanas de tratamento.

Meningite e fístula liquórica: Foram complicações que ocorreram no início dos implantes cocleares. Atualmente, são raras.

Rotina pós-operatória

Na maioria dos casos, o paciente recebe alta no dia seguinte à cirurgia.

O curativo compressivo com faixa fica por 72 horas e os pontos são retirados em 2 semanas.

A ativação do implante coclear ocorre 30 a 40 dias após o procedimento. Em seguida, inicia-se o processo de programação e adaptação do paciente ao implante coclear em consultas com a fonoaudióloga. Essas avaliações são semanais, no inicio, e posteriormente tornam-se quinzenais e mensais.

Cuidados no pós-operatório

Não lavar a cabeça por 3 dias. Após 3 dias, lavar com cuidado para não deixar entrar água dentro do ouvido operado, protegendo-o com um tampão até o retorno com o cirurgião.

Dormir com o ouvido operado para cima por 14 dias.

Não fazer esforço físico ou tomar sol por 30 dias.

Não deixar de tomar corretamente a medicação prescrita pelo médico e não deixar de comparecer no retorno pós-operatório.

Não há restrições quanto à alimentação.

Se fizer uso de prótese auditiva no outro ouvido, pode colocá-la logo no primeiro dia após a cirurgia.

ATIVAÇÃO E MAPEAMENTO

O dispositivo é ativado no consultório da fonoaudióloga de 4 a 6 semanas após a cirurgia. Este tempo é necessário para adequada cicatrização.

A fonoaudióloga irá acoplar o processador de fala ao computador e, utilizando-se de dados obtidos durante a cirurgia, irá ajustar parâmetros como intensidade de estímulo e velocidade.

O tempo médio do processo é de 2 horas.

A reação inicial na ativação do implante varia muito, sendo sempre um momento de bastante ansiedade não só para o paciente e sua família, mas para todos os profissionais envolvidos.

O processador de fala é posicionado atrás da orelha, conectado pela antena imantada à unidade interna e ligado (ativado). Em seguida, alguns testes são realizados em busca da sensação auditiva do paciente e de sua reação a estes estímulos.

Em adultos pós-linguais (que perderam a audição depois de certa idade), a ativação costuma ser mais tranquila, pois o cérebro já estava acostumado a perceber o som antes do advento da surdez. Os resultados são mais rápidos e geralmente é possível atingir alta porcentagem de reconhecimento de palavras, frases e sentenças.

Nos casos de crianças com surdez congênita (nascença), adolescentes e adultos com surdez pré-lingual (que nunca ouviram) é comum que esse seja um momento de estranheza e mesmo desconforto. Como o cérebro não esta acostumado a perceber o som, trata-se de um estímulo novo, que pode ser interpretado pelo paciente de várias formas. Em bebês, a reação é bastante sutil, podendo ser apenas uma alteração no olhar, um choro ou um virar de cabeça. Nas crianças maiores, adolescentes e adultos pré-linguais, é comum o relato de percepção do som como uma vibração.

CUIDADOS COM SEU IMPLANTE COCLEAR

O implante coclear é uma prótese que pode quebrar se houver algum traumatismo.

O paciente implantado não deve praticar esportes violentos como lutas ou outras atividades com grande risco de bater a cabeça.

É proibido:

  • Realizar exame de ressonância magnética ou chegar perto da sala de exame: o implante é composto de um metal que pode ser atraído violentamente pelo aparelho de ressonância magnética, podendo causar complicações graves. Existem alguns modelos que permitem realizar o exame, mas é obrigatório avisar o seu otorrino e o radiologista sempre que for solicitado um exame de ressonância magnética.

  • Manter o aparelho desligado no pouso e na decolagem de aeronaves: o implante funciona como qualquer aparelho eletrônico e pode interferir nos aparelhos de controle de aeronaves.

  • Uso de bisturi elétrico monopolar: é proibido o seu uso em pacientes com implante coclear, pois pode queimar a unidade interna. Avisar ao médico sempre que for ser submetido a uma cirurgia. Existe um bisturi elétrico bipolar que pode ser utilizado sem problemas.

Podem ser realizados:

  • Ultrassonografia diagnóstica.

  • Radiografias simples.

  • Tomografia computadorizada.

  • Luz ultravioleta de clínicas odontológicas.

Podem alterar o funcionamento do implante coclear:

  • Sistema de detectores de metais: o implante coclear irá disparar toda vez que passar por estes dispositivos (geralmente estão presentes em portas de bancos e aeroportos). Por isso, é aconselhável andar sempre com o comprovante emitido pelo fabricante, comprovando que o paciente é mesmo implantado.

  • Radiação eletromagnética: monitores de computador, televisores, fornos de microondas. A proximidade destes dispositivos pode alterar a qualidade sonora ou interferir na transmissão de dados entre as unidades interna e externa do implante.

  • Sistema de vigilância de lojas: desligar o aparelho quando passar na porta de lojas que possuem sistema eletrônico de vigilância (são aqueles aparelhos que apitam quando alguém tenta sair com um produto sem passar pelo caixa). O implante coclear geralmente não dispara estes aparelhos, mas pode ocorrer distorção no som e desconforto para o usuário do implante.